Universidade Columbia, em Nova York, havia dado até as 15h (horário de Brasília) desta segunda (29) para o fim dos acampamentos sob pena de suspensão, mas os manifestantes não dispersaram. As manifestações começaram no dia 18 de abril na universidade e se espalharam por faculdades nos EUA e na França
João André e
Lucas de Oliveira.
Fonte: g1.globo.com
Em 15/05/24.
Estudantes da Universidade
Columbia, em Nova York, não dispersaram os acampamentos da manifestação pró-Palestina
após o fim do prazo dado pela direção da faculdade, às 15h (horário de
Brasília) nesta segunda-feira (29).
Em uma espécie de "ultimato" aos estudantes, a direção de Columbia ameaçou suspender imediatamente quem não dispersasse as manifestações, que iniciaram no dia 18 de abril na universidade e se espalharam para outras faculdades nos Estados Unidos. No final de semana, o número total de detidos nos protestos em todos os EUA chegou a 700.
No momento em que o prazo
expirou, centenas de manifestantes marchavam ao redor do acampamento, instalado
no gramado central da universidade, e os alunos dentro das tendas não dispersaram.
Um representante da Universidade de Columbia disse na noite desta segunda que a
instituição começou a suspender os alunos que desafiaram o prazo do
"ultimato" da direção. Ben Chang, vice-presidente do escritório de
assuntos públicos, não disse quantas pessoas seriam suspensas, mas afirmou que
esses alunos não poderiam frequentar aulas ou se graduar.
A ameaça de suspensão dos
manifestantes que não dispersassem até o fim do prazo estipulado foi anunciada
pela reitora de Columbia, Nemat Minouche Shafik, nesta segunda como
consequência do fracasso das negociações entre a direção e a liderança do
protesto pela desmobilização dos acampamentos.
Sandra Cohen: Como os protestos nas universidades americanas representam um risco para reeleição de Biden
Além da ameaça de suspensão, a
direção da universidade disse que os estudantes que participam dos protestos se
tornariam inelegíveis para completar o semestre letivo em boa situação em
decorrência das punições.
Shafik disse ainda que a
Columbia não desinvestiria em ativos da instituição que apoiam o exército de
Israel, uma demanda-chave dos manifestantes, mas ofereceu investir em saúde e
educação em Gaza e tornar os investimentos diretos da Columbia mais
transparentes.
Segundo o jornal "New York
Times", ainda é incerto qual será a próxima medida a ser tomada pela
universidade para tentar dispersar os manifestantes após o fim do prazo do
"ultimato".
Os manifestantes pró-Palestina em Columbia prometeram manter seu acampamento no campus de Manhattan até que a universidade atenda a três demandas: desinvestimento em Israel, transparência nas finanças da faculdade e anistia para estudantes e professores punidos por sua participação nos protestos.
Acampamentos na universidade de Columbia em protestos aos ataques de Israel à Palestina (Foto: UOL.com.br) |
Manifestações pró-Palestina
Mais de 200 pessoas foram
detidas em quatro universidades dos Estados Unidos durante protestos
pró-Palestina no sábado (27). Com isso, o número de manifestantes detidos desde
o início dos protestos, em 18 de abril, chega a 700.
Segundo o jornal "The New
York Times", os manifestantes foram detidos na Universidade Northeastern,
na Universidade Estadual do Arizona, na Universidade de Indiana e na
Universidade de Washington em St. Louis, enquanto a polícia tenta conter o
crescimento no número de protestos nas faculdades dos EUA.
Desde o começo, a onda de
protestos atinge algumas das universidades de maior prestígio dos EUA, como
Columbia, Harvard e Yale.
Os manifestantes são contra a
atuação de Israel na guerra contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza —
e pedem para que as instituições de ensino cortem laços com Israel e também com
empresas que, segundo os alunos, viabilizam a guerra.
Parte da comunidade
universitária se incomodou com os protestos: alunos e professores judeus
afirmam que as manifestações têm se tornado antissemitas, e que eles têm medo
de pisar nos campi.
Shai Davidai, um professor da
faculdade de administração da Universidade Columbia, em Nova York, afirmou que
foi impedido de entrar em uma parte do campus. Davidai é um judeu israelense
americano.
O epicentro desse movimento é a
Universidade Columbia, em NY, onde há um acampamento de ativistas com bandeiras
palestinas e mensagens de solidariedade a Gaza.
Prisões e acampamentos desmontados
Neste sábado, na Universidade
de Washington, em St. Louis, mais de 80 detenções foram feitas e o campus foi
fechado à noite, de acordo com um comunicado das autoridades da universidade.
A nota, segundo o jornal
"The New York Times", acrescenta que a polícia do campus ainda estava
processando as detenções.
Jill Stein, candidata do
Partido Verde às eleições presidenciais de 2024, estava entre os manifestantes
detidos, juntamente com o seu coordenador de campanha e outro integrante da
equipe, disse um porta-voz da campanha.
Na manhã de sábado, na
Universidade Northeastern, em Boston, no estado de Massachusetts, os
manifestantes montaram um acampamento no Centennial Common do campus esta
semana e atraiu mais de 100 apoiadores. A administração pediu aos manifestantes
que saíssem, mas muitos estudantes não obedeceram à ordem de retirada.
Policiais do estado de
Massachusetts chegaram ao local, ainda na madrugada de sábado, e começaram a
prender os manifestantes, algemando-os e desmontando várias tendas.
Eles disseram que prenderam 102
manifestantes. Não ficou claro quantos dos presos eram estudantes. A
universidade informou que os alunos que mostrassem suas carteiras de identidade
universitárias estavam sendo libertados.
Por volta das 11h de sábado, a
maior parte do acampamento foi liberada.
A detenção em massa em
Northeastern foi a segunda repressão na manhã de sábado contra manifestantes em
um campus de Boston em menos de uma semana. Na manhã de quinta-feira, policiais
da cidade prenderam 118 pessoas no Emerson College depois que os manifestantes
se recusaram a sair do acampamento e formaram uma barricada.
Na Universidade Estadual do
Arizona, a polícia escolar prendeu 69 pessoas na manhã de sábado depois que
elas montaram um acampamento não autorizado, o que viola a política da
universidade.
A universidade afirmou que os
manifestantes criaram um acampamento e que o grupo foi instruído várias vezes a
se dispersar.
Na Universidade de Indiana,
onde a polícia universitária prendeu 33 pessoas em um acampamento no início
desta semana, o campus e a polícia estadual prenderam mais 23 manifestantes no
sábado. As autoridades disseram que um grupo "ergueu inúmeras tendas e
toldos na noite de sexta-feira com a intenção declarada de ocupar o espaço
universitário indefinidamente."
Universidades de todo o país
usaram estratégias diferentes na semana passada para reprimir os protestos.
Algumas recuaram e procuraram diminuir as tensões, enquanto em outras
faculdades, como a Universidade do Sul da Califórnia e a Universidade Emory, a
polícia correu para desmantelar acampamentos e prender estudantes e membros do
corpo docente.
Em Harvard, o acesso ao seu
histórico Harvard Yard ficou com acesso restrito, permitindo a entrada apenas
daqueles que apresentassem carteira de identidade universitária. A universidade
também suspendeu um grupo pró-Palestina, mas mesmo assim o grupo e seus
apoiadores montaram um acampamento no pátio.
Na sexta (26), a Universidade
do Estado de Portland cedeu a pedido de manifestantes entre seus alunos e
anunciou que não aceitaria mais presentes e bolsas da companhia aérea Boeing,
por causa das ligações da empresa com o governo de Israel.
"A paixão com que essas
exigências foram expressadas repetidamente por alguns membros da nossa
comunidade me motivam, como uma pesquisadora de ética acadêmica e uma líder da
universidade responsável pelo bem estar dos constituintes do nosso campus a
ouvir e fazer outras perguntas", afirmou a presidente da universidade, Ann
Cudd, em uma carta à comunidade acadêmica.
A instituição vai organizar um
debate moderado de duas horas com a equipe e estudantes em maio.
Em seu site, a Boeing afirma que as Forças de Defesa de Israel atualmente usam nove de seus produtos, e que a empresa contribui com cerca de US$ 3,5 bilhões com a economia israelense.
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